Mas afinal quem são os millennials? Esta é a geração nascida nas décadas de 1980 e 1990. Ainda se lembram de ter de desligar o telefone para conseguirem surfar na web, do chilrear do modem, da liberdade do primeiro portátil e de andar com o Nokia 3310 aos trambolhões. E, claro, daquela conta no Portugalmail, no mail.pt, no Yahoo e no Hi5 🙂
Souberam adaptar-se e integrar as novas tecnologias no seu dia-a-dia, muitos deles beneficiando das oportunidades de trabalho que o novo paradigma criou. Aliás, muitos millennials escreveram esta realidade ou não fossem hoje empreendedores e programadores que moldam e definem a experiência na internet.
Auferem rendimentos acima da média, não acreditam em empregos para a vida e optam por carreiras zig-zag, têm formação superior e/ou especializada, são activos na sua comunidade, envolvem-se em causas e interessam-se por cultura. Ouvem música desafiante (e de artistas que ainda ninguém conhece, mas que em 2 ou 3 anos alcançam fama global) e têm os nomes das séries todas na ponta da língua. Padecem de FOMO (fear of missing out) mas são, paradoxalmente, activos praticantes de Hygge – concluo que foi desta exótica combinação de interesses que nasceu o Netflix & Chill. Todos os segundos contam e a prioridade é aproveitá-los ao máximo.
De resto, a exclusividade é algo que agrada muito a esta geração, motivo pelo qual cada vez mais marcas criam campanhas ou produtos de acesso restrito. Não é um desejo de exclusividade snob, mas antes a busca por experiências autênticas, à sua medida e que traduzam a sua individualidade. Porque, no fundo, tudo se resume a isto: no rodopio da informação e no caos do mundo, não queremos ser apenas mais um, queremos ser cada vez mais únicos e irrepetíveis.
Têm o mundo na ponta dos dedos, e é aqui que as marcas compreendem a necessidade de corresponder às necessidades dos millennials: afinal, em menos de três cliques, rapidamente encontram alternativas de compra ao melhor preço e gabam-se disso. Talvez esta permanente gestão de orçamento seja resquício da educação austera da geração anterior – a dos pais – que cresceu no mundo pós-guerra. A vida na aldeia global e, em particular, a livre circulação de bens e pessoas na UE facilitam o processo de compras sem fronteiras.
A inspiração para o dia-a-dia chega dos quatro cantos do globo, através de fotografias e vídeos de lifestyle aspiracional, estilizado, radiante e “effortless on fleek“. Aliás, os millenials conseguiram materializar o conceito de “comer com os olhos”; eu explico: a propagação da #foodporn e suas apelativas fotografias, elevou as expectativas da experiência em restauração, ao nível da degustação, atendimento e aspecto visual.
O que é comum a todos estes aspectos, é a relação dos millennials com a tecnologia. Nem sei se lhe podemos chamar de “relação”, visto que já há uma perfeita integração e quase-imersão. Pagam contas, recebem as notícias, consultam o email, actualizam as redes sociais, marcam viagens, reservam jantares, combinam as saídas e os eventos, compram bilhetes para o cinema, encomendam as compras lá de casa, transmitem a sua vida em directo para o mundo, e fazem muito, muito mais através smartphone – o fiel companheiro. O tempo é de tal forma passado a olhar para o ecrã, que ninguém sabe ao certo se ainda olham para os outdoors na vida real – que com o tempo tendem a tornar obsoletos e pura poluição visual das cidades.
Como é que isto se deve traduzir em acções para empresas que pretendam promover os negócios?
- Produzir conteúdo interessante: o segredo é não interromper mas antes redireccionar de forma natural a atenção dos utilizadores, com conteúdos escritos e visuais apelativos;
- Investir em publicidade digital: no digital é possível segmentar e ao detalhe cada uma das preferências ou características do cliente. Isto com três grandes vantagens: o baixo custo do investimento, a possibilidade de medição permanente e a garantia de alcance do público pretendido;
- Estar nos canais preferenciais dos millennials: com o objectivo de fidelização, há que publicar conteúdo nas redes sociais certas, acompanhar a evolução de cada uma das plataformas, saber o que funciona em cada uma;
- Simplificar a compra online: para além de criar lojas de e-commerce funcionais, o processo de pagamento e envio tem de ser simplificado. E até o processo de devolução deverá acompanhar o ritmo frenético dos dias de hoje, pois já ninguém tem tempo para esperar numa fila nos Correios.
Vivemos no tempo certo para testar novos formatos e estratégias, pois num futuro não muito distante já não haverá alternativa. Cabe aos negócios entrarem nesta onda digital e testarem os modelos de negócio do futuro com esta geração de transição, os millennials, até porque:
The next horizon will be deep integration of the physical and interactive worlds. The future of online is offline.